domingo, 18 de dezembro de 2011

Domingos de preguica...



Hoje acordei querendo fazer nada e está parecendo que esta é a tendência… Acho que nunca tive tantos dias tão improdutivos quanto nos últimos dois meses. E ainda que eu tenha a síndrome de fatiga crônica, que eu realmente acredito ter, acho que meus dias estão sendo mais improdutivos por eu não saber o que fazer, que por qualquer outro motivo.

Mesmo arriscando soar como a adolescente que encontrei nas minhas caixas de memórias, acho que nunca me senti tão perdida. Não sei que caminho seguir, que rumo dar a minha vida, não sei nem mesmo o que tenho que entregar no fim do semestre na faculdade! Não tenho nem conseguido escrever minhas intermináveis listinhas do que fazer...

Quando a gente sabe o que tem que fazer fica tão mais fácil, mas como é que fazemos quando não sabemos o que fazer? Como é que a gente descobre? Minha desorganização chegou a tal nível que não tenho a mínima idéia de como lidar com a papelada, e quando digo papelada, quero dizer tudo o que seja importante que ainda tenho que resolver da minha vinda pra cá. Estou num estado que simplesmente não sei quais são minhas opções, necessidades, deveres...

Fico caindo em um círculo vicioso aonde justifico minha desorganização dizendo que é porque ainda não me ajeitei em casa, mas não me ajeitei em casa porque quero mudar assim que der, mas só posso mudar em março, mas tenho que me organizar antes, mas não consigo me organizar porque não estou ajeitada, e assim vai...

Quanto ao curso, é lógico que estou gostando, mas ainda não me encontrei por lá, nem em questão social ou em termos de saber o que estou fazendo. Não fiz amigos ainda, mas sei que por estar em um país diferente isso leva tempo, foi o mesmo na Alemanha, mas o que me complica é não saber exatamente os objetivos dos projetos (que ninguém parece saber, ou então não está afim de me informar), e estar com o maior bloqueio criativo que ja tive. Simplesmente não sai nada no papel, fico com o sketchbook na mão e não consigo desenhar nada...

Então continuo a acordar e pensar: hoje não quero fazer nada. Tento me forçar a fazer algo, acabo fazendo o mínimo possível e às vezes faço nada.

Devaneios


Nesses últimos dias tenho ajudado uma amiga em um período ruim, quer dizer, tenho tentado ajuda-la. Ela me disse sentir falta da pessoa que ela era, e isso me fez pensar sobre quem eu sou hoje em dia... Sempre senti tanta certeza ao aconselhar amigas, mas desta vez estou meio perdida e não sei o por quê. Acho que não estou bem comigo mesma, estou perdida nas minhas idéias e na minha vida.
Nesses últimos anos eu sinto que me perdi. Não sei se faz parte de crescer ou se foi pelo rumo que dei a minha vida (ou que ela resolveu seguir sem me consultar), mas sinto falta de como eu encarava as coisas, de como sabia o que queria. Sinto falta de como eu era com meus amigos, de como sentia a liberdade para falar o que pensava, em como eu sentia que a amizade era tão intensa que seria para sempre e que de como tinha certeza da proximidade e intimidade que tinha com eles. Hoje em dia me contenho para falar o que penso (o que algumas pessoas podem até achar positivo), não tenho certeza de quão próxima sou deles e temo que a amizade acabe.
Acho que namorar só intensificou minhas inseguranças  quanto as amizades. Me fechei em uma bolha e me acomodei. Alí eu tenho toda a segurança, liberdade e intimidade do mundo. Me tornei tão dependente que comecei a me questionar se era saudável. Tentei sair um pouco da bolha, mas quando vi já estava em cima de uma montanha de insegurança. Mas foi nessa tentativa que comecei  a pensar aonde estava, como estava e que rumo tinha dado a minha vida.
De repente me vi em desespero ao pensar o quão longe estava de tudo o que queria e que tinha planejado para mim. Não estava nos planos me sentir assim, não estava nos planos me sentir tão dependente e presa a alguém. Mas... Quais eram os planos mesmo? Tentei me achar e acabei virando não só a minha vida, mas a de mais algumas pessoas de ponta cabeça. A minha, a dele, as delas. E todos veem essa mudança como um ato de coragem, que sou eu em busca do que quero, do meu sonho. Todos, menos eu.
Como é que posso falar que estou indo atrás do que quero se nem sei o que quero? As vezes sinto que a minha saída do Brasil foi uma tentativa falha de fugir das minhas dúvidas e medos. Vir pra cá só intensificou toda a minha confusão, adicionando uma pitada de tristeza seguida de muita saudade. Estar aqui só me faz querer mais ainda descobrir o que quero pra mim, qual rumo dar a minha vida, fazer novos planos. Também tenho refletido sobre como essa minha  vinda está afetando a vida de todo mundo que estava ao meu redor.
Minha irmã está sem casa, e eu nem lá pra ajeitar a minha bagunça, ajudá-la a achar uma casa, afinal fui eu quem fez ela sair daonde amava. Mas ela está sozinha, e eu me sinto responsável. Não consigo nem conversar com ela direito, saber como ela está, e o que vai acontecer com ela e com a Cora, que nosso amado pai, tão carinhosamente se recusou a aceitar, inocência a nossa achar que ele iria nos ajudar agora.
O namorado está tentando vir pra cá, e eu me pergunto se está certo isso. Está certo ele mudar toda a vida dele porque um belo dia eu resolvi sair dalí? Temo que ele esteja tão dependente que não consiga mais ver os próprios sonhos. Nós temos visões tão diferentes do mundo, ele nem querer sair daonde está quer, já eu quero morar no mundo todo. Tenho medo de ele vir e eu decidir sair daqui, ir pra qualquer outro lugar. Não quero ser a responsável por uma mudança tão grande assim. Também não sei se quero assumir tamanho comprometimento. Eu o amo, com todo o meu coração, mas eu sinto que ainda não vivi nada, pelo menos nada do que quero viver antes de assumir um compromisso tão grande. Sei que temos uma boa diferença de idade e que ter objetivos diferentes faz parte do relacionamento, mas acho que ele não entende o quanto tudo isso me assusta e o quanto isso pesa pra mim. Ele já viveu bastante pra poder falar que é comigo que quer estar, mas não entende que eu tenho só 23 anos, e não consigo decidir nem que profissão quero seguir...
E é aí que me encontro de novo sem saber o que fazer, sem saber o que falar ou como agir. Talvez seja o medo que me trave, o medo de perder os amores, o medo de ficar sozinha, o medo de mudar, o medo de sofrer, o medo de falhar. Por isso sinto falta a menina que eu era, que tinha medo, mas sabia fingir muito bem que não tinha medo de nada disso.